terça-feira, 15 de novembro de 2011

A falta que minha mãe me faz


Em Julho de 2010, a pouco dias de completar 55 anos, minha querida e amada mãe embarcou para o céu. Mas não pensem que está carta a céu aberto está sendo escrita encharcada de dor e sofrimento, não, mas sim, somente saudade. Graças a Deus, e mais rápido que eu esperava, com a ajuda de pessoas amadas e amigos extraordinários, tudo que era dor (a pior do mundo), tudo já foi superado. Sofri o que tinha que sofrer, chorei o que tinha que chorar, e do fundo de uma força que nem mesmo eu sabia que tinha, consegui me erguer e seguir vivendo sem uma grande parte do meu coração.

Muitas das pessoas que me conhecem se impressionam do modo como eu superei essa perda inestimável. Se impressionam como eu consigo viver normalmente depois da sua morte (essa palavra feia e pesada) sem que eu sinta as dores da sua ausência. É o que eu digo, está tudo superado, não sinto tristeza, somente saudade.

Aí sim, só eu sei o que é sentir essa coisa que não se pode explicar. A saudade que eu sinto dessa mãe inexplicável, linda, guerreira, que abdicou de tantas coisas da sua própria vida só para me tornar o filho mais feliz do mundo. Só quem a conheceu pode ao menos um pouco entender o que eu falo, e o que foi a minha mãe. Aos outros cabe imaginar nas minhas palavras, o quão era fantástica aquela mulher.

Obviamente, eu tinha a melhor mãe do mundo (que nem todo mundo), e tinha nela a minha heroína, o meu alicerce e o meu chão. Apesar de viver por alguns anos a quilômetros dela, eu era feliz só de saber que ela estava ali, só esperando me reencontrar.

Que saudade mãe...

Que saudade quando chegava em casa depois de meses sem nos vermos, que saudade daquele brilho no olhar, daquele abraço apertado e daquele beijo mais carinhoso do mundo. Que saudade daquele colo de mãe. Que saudade de ficar conversando com ela por horas, horas e horas sem nunca querer parar. Alguns me perguntam de onde vem toda a minha alegria, empolgação e entonação ao falar. Podem ter certeza, a minha mãe que me fez no volume máximo.

E as histórias que me contava, e as piadas que me matavam de tanto rir, atrapalhada que nem eu. Que saudade dos almoços e jantas preparadas por ela com todo o amor que uma mãe é capaz de transbordar, e encantada ficava me observando apreciar as minhas comidas preferidas. Que orgulho ela sentia, e que orgulho de ter tido aquela mãe.

Que saudade de ver o seu rosto, o seu sorriso, que saudade de vê-la se despedir de mim, quando novamente eu partia. Que saudade de seu aceno e que saudade do seu tchau.

Que saudade quando ela me ligava dizendo que estava morrendo de saudade, que saudade de ouvir o seu "oi Cassinho" (como ela me chamava). Que saudade de ouvi-la dizer: "Te amo filho".

"...as vezes a saudade me bate,
como as ondas batem nas pedras..."

Eu queria que tivesse ao menos um DDD para ligar direto para o céu, e de vez em quando ouvir a sua voz. Como eu queria que tivesse uma passagem Divina, só para de vez em quando poder ir visita-la.

E de repente, vem as pessoas se admirarem com toda a felicidade que carrego em mim, e com todo o meu jeito de viver a vida, a minha alegria de viver cada dia. Que orgulho de dizer que foi a minha mãe que me fez assim, eu disse, ela me fez assim: Volume máximo, felicidade máxima.

Minha mãe me tornou o que eu sou. Devo tudo a ela, e a única tristeza que me bate, é não poder recompensá-la ainda em terra, em vida. Pois eu digo com todas as letras, grito ao mundo inteiro ouvir, se sou feliz hoje, se tenho todas essas pessoas maravilhosas ao meu lado, que me conhecem, que me querem bem, que me "aturam" (volume máximo, felicidade máxima), tudo isso foi conquistado, tudo isso foi possível, graças ao esforço, a luta e o amor dessa mulher inexplicável.

E eu tenho certeza, que aquele brilho no olhar cada vez que nos encontráva-mos, era o amor e a alegria de sermos uma só pessoa.

Que esteja em paz e feliz... E até o reencontro!
Saudade mãe, eterno amor.

(Cássio Almeida)