Prefácio
Como os outros,
ele estava nu, amarrado pelos pulsos e tornozelos numa cruz como se fosse um
Jesus Cristo. Chorava e urinava-se apenas imaginando o que aquela desgraçada
insana seria capaz de fazer. A mente com certeza já estava totalmente
destruída. Assim como a minha e a dos outros quatro padres, que enfim, foram
libertos.
Talvez a dor
não fizesse mais efeito, pois a mente já nos torturava 24 horas por dia, e
realmente deveria ser essa mesmo a sua intenção, não somente a dor física, mas
acima de tudo a dor psicológica. Estávamos ficando loucos. Mas isso era apenas
mais um delírio humano que ainda restava da minha consciência. Ainda existia a
dor, uma dor inimaginável, os gritos não deixavam dúvidas.
Com a mesma
frieza de sempre, ela aproximou-se dele com um alicate e uma tesoura em suas
mãos:
_Abra a
boca!!!
_Não, por
favor, não...
Enquanto ele
implorava misericórdia chorando como uma criança, ela colocava à força o
alicate em sua boca com uma força desproporcional, fazendo quebrar-lhe alguns
dentes, puxou sua língua para fora da boca e a cortou com a tesoura. O sangue
escorria pela sua boca e o seu corpo enquanto urrava de dor e debatia-se
inutilmente tentando se desvencilhar das amarras. Ela não demonstrava nenhum
tipo de sentimento, nenhuma expressão e dessa vez nenhuma palavra, como
querendo acabar de uma vez com o seu objetivo. E eu não sabia o que aquela
louca seria capaz de fazer a cada passo que dava, mas eu sentia que tudo estava
perto do fim e nada ia fazê-la parar.
_Acabe logo com isso! É a mim que você quer.
Era como se eu
fosse invisível.
Com a mesma
tesoura, decepou as suas genitálias e eu a senti sussurrar – tanto faz para
vocês não é mesmo-. Os gritos de dor pareciam mais agoniantes sem sua língua na
boca. O seu rosto tinha expressões que jamais havia visto numa face e quando
sua cabeça virou em minha direção e os seus olhos encararam os meus, um
sentimento invadiu a minha alma e pela primeira vez naqueles dias, entrei em desespero
e comecei a chorar de medo e pânico. Então ela olhou para mim e terrivelmente
esboçou um sorriso tal qual a inspiração do seu nome.
Mona agarrou
um galão de gasolina e banhou o corpo de Césare, logo em seguida riscou um
fósforo e pôs fim aquele sofrimento. A minha pele quase queimou com o poder das
chamas, os gritos eram horrendos, e o cheiro de carne queimada me fez ter
náuseas e vomitar.
Enquanto isso,
Mona ficou admirando-o como se fosse um quadro na parede até as chamas terem
fim, e até Césare e a cruz virassem pó. Césare estava liberto, mas não sei até
que ponto ele livrou-se da dor.
O próximo
seria eu.