terça-feira, 1 de abril de 2008

O mate que sorvo de manhã


Vou campeando
pelo mato e descampado
com o cavalo crioulo, de pêlo escuro, queixo quebrado,
e levo o cusco companheiro nas patas, sempre fiel.
Vou campeando
tocando a gadaria, quebrando geada
e levo no pala, o orgulho da minha pampa sulina.
O sangue caudilho ferve na veia,
e a cada pedaço de chão,
dos tempos de 35
se sente ainda a garra da raça farroupilha.
E a cada porteira aberta,
e a cada banhado e coxilha,
eu cruzo devagar, com a mesma calma do dia,
em que sorvo pela manhã, o amargo mate.
Depois volto pras casa
com o sentimento de dever cumprido,
o sol já brilha alto
e o pala eu trago comigo.
Trago também o Rio Grande
nas patas do meu cavalo,
vem na garupa a saudade da amada
e o cusco amigo tras a caça.
E todo dia é assim,
o mate que sorvo de manhã
ilumina a coxilha, aramado e porteira,
pra camperiar solito
o caminho da querência.

(Cássio Almeida)

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