
Dos avós fica aquele sentimento infinito
infidável, como os beijos, os abraços,
os presentes, a eterna proteção mesclada de pai e mãe.
Nos fica as mãos velhas do tempo a nos acariciar,
o café da tarde,
as lembranças do almoço no Domingo.
Nos fica as histórias de quando eram jovens,
e de como tudo era diferente,
um tempo distante.
Nos fica as pescarias a beira mar,
ou num açude qualquer,
e o peixe era o que menos importava
o bom era estar junto.
Nos fica a testa franzida
quando não fazíamos as coisas do jeito deles,
um tempero diferente,
um corte de grama esquisito,
uma carne mau espetada...
Na verdade eles sempre quiseram nos ensinar o melhor.
Nos fica o rosto atento do vô escutando as notícias no rádio,
e o rosto atento da vó esperando o bolo crescer.
Nos fica a felicidade estampada na cara
quando contavam proezas da juventude,
festas, brigas, namoros, histórias dos nossos bisavós.
Nos fica o orgulho deles a nos segurarem no colo,
e ao caminharem nos segurando a mão.
Dos avós nos fica os conselhos para se ter uma vida boa,
para sermos uma boa pessoa,
para sermos alguém,
eles nos ensinam a ter caráter.
Conselhos que me ensinaram a ter um coração gigante,
conselhos que nos ficam para sempre,
guardados,
junto dos beijos, dos abraços,
junto do amor deles.
Dos avós,
nos fica tudo.
(Cássio Almeida)