segunda-feira, 28 de julho de 2008

Um lugar distante


Aquele lugar distante
tão perto no pensamento,
passos firmes,
mas os olhos inquietos.
Me convém certo ou não
distinguir os elementos
concreto,
oco,
aquele zunido que segue no ouvido.
E aquele ar,
e aquele clima,
e aqueles, e aquelas,
e aquilo...
E afinal o que é isso?
São coisas que ficam
na memória não sei,
quem sabe no peito
e a certeza da volta.

(Cássio Almeida)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

O que nos fica dos avós


Dos avós fica aquele sentimento infinito
infidável, como os beijos, os abraços,
os presentes, a eterna proteção mesclada de pai e mãe.
Nos fica as mãos velhas do tempo a nos acariciar,
o café da tarde,
as lembranças do almoço no Domingo.
Nos fica as histórias de quando eram jovens,
e de como tudo era diferente,
um tempo distante.
Nos fica as pescarias a beira mar,
ou num açude qualquer,
e o peixe era o que menos importava
o bom era estar junto.
Nos fica a testa franzida
quando não fazíamos as coisas do jeito deles,
um tempero diferente,
um corte de grama esquisito,
uma carne mau espetada...
Na verdade eles sempre quiseram nos ensinar o melhor.
Nos fica o rosto atento do vô escutando as notícias no rádio,
e o rosto atento da vó esperando o bolo crescer.
Nos fica a felicidade estampada na cara
quando contavam proezas da juventude,
festas, brigas, namoros, histórias dos nossos bisavós.
Nos fica o orgulho deles a nos segurarem no colo,
e ao caminharem nos segurando a mão.
Dos avós nos fica os conselhos para se ter uma vida boa,
para sermos uma boa pessoa,
para sermos alguém,
eles nos ensinam a ter caráter.
Conselhos que me ensinaram a ter um coração gigante,
conselhos que nos ficam para sempre,
guardados,
junto dos beijos, dos abraços,
junto do amor deles.
Dos avós,
nos fica tudo.

(Cássio Almeida)

O sussurro da palavra


Um lápis,
uma caneta,
um giz,
um tijolo de construção.
Um carvão,
um batom,
um vidro embaçado,
um graveto na areia.
Um canivete na árvore
e mil mensagens de amor.
As diversas formas de escrever
para se ter a certeza
que nunca se encontrarão
a palavra e o silêncio.

(Cássio Almeida)

Falando de solidão


Um dia me disseram da solidão
que contradição,
sozinho anda alguém
a solidão nunca anda só.

(Cássio Almeida)

terça-feira, 1 de julho de 2008

As coisas simples que há


Parabéns pra você
que anda descalço sem a preocupação de sujar o pé;
Parabéns pra você
que toma banho de chuva sem medo de se resfriar;
Parabéns
pra quem vê Chaves e ainda ri;
Parabéns pra você
que se emociona quando lembra do Ayrton Senna ou
dos Mamonas Assassinas;
Parabéns
pra quem pede bis quando a música é boa,
ou quem aplaudi quando não é tão boa assim;
Parabéns
pra quem canta, mesmo que seja desafinado;
Parabéns
pra quem lê gibi e torce pro Cebolinha não apanhar da Mônica;
Parabéns pra você
que ri mesmo sem ter graça,
pra você que pede pra explicar de novo;
Parabéns pra você
que sabe pedir desculpas, e sabe dizer obrigado;
Parabéns pra você
que sussurra um eu te amo;
Parabéns
pra quem senti saudade,
pra quem foge sem rumo certo,
parabéns pra quem sabe voltar.
Parabéns pra você
que sabe valorizar os amigos,
porque os amigos é o que há.
Parabéns pra você
que toma um porre de vez em quando;
Parabéns pra você
que abre o coração e diz tudo o que senti;
Parabéns pra quem escreve um poema,
mesmo que seja uma bobagem,
porque a bobagem é o que há.
Parabéns pra você
que erra mas aprende;
Parabéns pra você
que come sorvete até no inverno;
Parabéns pra você
que come brigadeiro e se lambuza todo;
Parabéns pra você que acha que é sempre verão;
Parabéns pra quem sonha,
pra quem não desiste,
pra quem trabalha,
pra quem corre,
pra quem pula e grita gol.
Parabéns pra quem ainda vai imaginar um monte de coisas.
Parabéns...
Uma salva de palmas pra você que é feliz,
que valoriza as coisas simples da vida,
pois a vida,
é o que há.

(Cássio Almeida)