Os olhos secaram.
Todas as lágrimas de repente viraram pó,
gota por gota,
esvaíram-se como um fio d'água no solo seco.
O que era mar virou sertão.
Onde terá ido o rio que enchia o meu coração?
Foi desviado pra longe, bem longe, tão longe.
O brilho agora opaco dos olhos
pede e reza que volte logo o brilho claro e sereno
banhado pelas lágrimas.
Mas os olhos secaram.
O sol gastou todo o seu brilho pra rachar o solo onde piso.
O agreste dos olhos arde e queima fogo e chama...
Mas há de chorar,
como chuva em meio ao deserto,
pra de novo florir os campos
encher o mar e o coração
o rio encontrar o caminho,
e os olhos de novo brilharem
como um lindo dia de verão.
(Cássio Almeida)