terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SISOS E APÊNDICE


Sisos e apêndice – ainda os tenho. E ainda me pergunto por que o corpo humano não evoluiu o suficiente (já evoluiu tudo?) ao ponto de extinguir os sisos e o apêndice da gente. Ora, se de nada nos servem, para que existir? De certo somente aos dentistas e cirurgiões possam servir e fazer algum sentido, aos nos tirar. Pois de útil, nem mesmo a dor.

Ainda os tenho (medo?). Nunca ouvi alguém dizer dos benefícios dos sisos e apêndice no nosso corpo, somente prejuízos. Os sisos além da dor podem acarretar no “entortamento” dos outros dentes. Medo dos sisos por isso, talvez. Os meus misteriosamente nasceram e encaixaram-se perfeitamente na minha arcada dentária, por isso, deixe-os quietos. Meu sorriso ainda brilha sem a dor e o prejuízo dos sisos, senti-os somente quando nasceram. E o meu apêndice (acho que o tenho) nunca me incomodou. Mas de nada nos servem me disseram. Mas quando se está “doente do apêndice” (apendicite aguda?), dizem ser uma dor muito forte e é preciso urgentemente operar e retirá-lo, ates que, após o inchaço, ele exploda dentro de você e faça um grande estrago, dizem até perigoso. Ora Deus, para que ainda existe? O meu nunca se manifestou, deixe-o quieto.

Talvez o vinho faça bem (para o coração e os devaneios eu sei que faz). Por sorte nunca tive grandes lesões, mesmo na infância endiabrada, com lapsos de alpinista profissional, nas mais altas árvores e muros e grades. Nunca me “quebrei”, literalmente, nunca tive grandes lesões, mesmo querendo na escola usar gesso para que os colegas nele assinassem.

Nunca sofri de grandes dores. Na verdade a dor e a lesão mais grave que eu lembre é a que estava no momento em que escrevia esse texto. Estava me doendo muito o dedão do pé direito (acho que “destronquei”), fruto de um jogo de futebol com mixto de MMA, era com amigos, mas foi uma dividida digna de final de Libertadores.

Cortes, estes sim, já tive alguns dolorosos e profundos. Minha mãe me contava que um dia quando criança cai de cara em dois pregos, um cravou a cima de um olho e outro abaixo do outro, que sorte eu tive, poderia ter ficado cego, mas o máximo que aconteceu foi ao me levantar estar com uma tábua cravada na cara.

Mas o mais marcante é a grande cicatriz que ostento no pulso direito. “Como aconteceu?”. Pois bem, eu era pequeno, talvez uns 5 ou 6 anos, minha mãe carregava um garrafão de vinho (ahhh o vinho, já fazia parte desde a infância), olhei para ela com aquele olhar que só uma criança e um filho consegue fazer e desmontar qualquer coração de mãe, e disse:

_Mãe, deixa eu levar?

Minha mãe: “_Não! Vais cair e te cortar!”, (óbvio, era minha mãe, ela me conhecia).

Aí começou a batalha entre mãe e filho: “Deixa mãe”, “Não vais cair e te cortar”, “Ahhh deixa mãe”, “Não, vais cair e te cortar”, “ahhhhhhhhhh mãe deixa, que que tem...”. Claro que ela não resistiu ao meu olhar (olhar, até parece). “_Tá!!! Leva!!!”

Dei dois passos com o garrafão, tropecei e cai.

Minha mãe: “_Ah meu filho, eu te falei... (sábias mães).
Eu: “_Ahhhhh o vinho...”

Misturou-se sangue com vinho e até tive uma visão bíblica.
O vinho, sempre marcando as nossas vidas.

O coração, o cérebro, as pernas, os pés, as mãos, os braços, o fígado, os rins, o estômago, os olhos, o nariz, a boca... Tudo com suas funções especificas e complexas, tudo com algum sentido. Mas os sisos e o apêndice, desculpe meu criador, mas está sobrando peças nesse quebra-cabeça.

Foi o vinho, eu sei, o vinho.




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