segunda-feira, 23 de julho de 2007

Êxodo


Um dia o homem do campo
mudou-se para a cidade.
Já acostumado com a vida calma
e sozinha do campo,
agora se via perdido
naquela floresta de pedra e ferro.
O sereno que precedia as manhãs,
agora dava lugar a fumaça sufocante.
O verde já não vira há um bom tempo,
só o cinza do céu poluído.
O rio que corria límpido,
serpentiando as suas terras,
agora nem se move mais, rio?... Esgoto!
Mas um dia a esperança renovou-se.
Da janela do 10° andar
um passarinho então cantou.
Depois de tanto tempo
endurecido de dor,
o homem bruto do campo
pela primeira vez chorou.

(Cássio Almeida)

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