De tantos Josés, de tantas Marias
são todos Josés, são todas Marias.
E eu me encontro assim, perdido,
no mundo dos Josés e das Marias.
E o que me diz José?
E o que me diz Maria?
Pergunte pro José,
pergunte pra Maria.
E eu caminhava e cantava,
e seguia José e seguia Maria.
Mas todos os lugares me levavam
para o lado de lá do que eu queria.
Tudo era José e tudo era Maria.
E eu nunca me encontrava.
Nas placas diziam José,
nas casas diziam Maria.
Então assim nos nomearam
Agora somos José, agora somos Maria
José Maria igual à todos.
Pois na diferença isolaram-nos.
Agora não, agora somos iguais.
Já não nos zombam os Josés
Já não nos zombam as Marias.
Pois agora o diferente se perdera.
Agora estou sem graça,
já não vejo graça.
Tudo é espelho,
mesma face desgastada.
Mesmo gosto, sem gosto,
mesma cor, sem brilho.
Tudo igual no mundo dos iguais.
Pois nos negaram a identidade
botaram-nos sobrenomes
só não nos tiraram à alma
pois a alma não tem cor.
(Cássio Almeida)
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