Eu quero ir,
mas não sei se vou.
No canto escuro do quarto
a parede sussurra no ouvido.
A janela tão longe e,
mais longe ainda o mundo atrás dela.
Ela, janela!
Pois ela, meu amor,
está dentro de mim.
Há tantas dúvidas lá fora,
então por que não ir?
Se sou eu que controlo o mei guidom.
O guidom é leve,
mas no caminho que faço
eu guio com calma.
Cá fora o Mundo é Grande,
não tão grande
como o mundo de Drummond.
E o meu olhar largo
não avista tudo.
Porém,
Enxerga a fronteira dos homens.
A fronteira entre a loucura
e a santidade.
Entre a mentira e a verdade.
A fronteira entre o óbvio
e a mais pura filosofia insana
que o homem possa criar.
Ainda há muito aqui fora.
E o meu diagnóstico
mantém-me forte pra viver,
viver as coisas que virão.
E ao longo do caminho
as diferentes faces se cruzarão.
Não sei ao certo onde.
Pois o guidom do tempo caduco
inutilmente,
insiste em freiar.
(Cássio Almeida)
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